Quem sou eu

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Goiânia, Goiás, Brazil
Meu nome é Cristiano, uma das minhas principais formas de prazeres é uma boa discussão, é claro uma discussão amigável. Tenho muitas excentricidades, muitas vezes acabo sendo chato por elas, megalomaníaco, anormal, tenho alguns traços do que a psiquiatria relata por anti-social, crítico. Odeio que tentem me fazer ter comportamento análogo de outros. Apesar de tudo de vez em quando eu tenho que me encaixar no que chamam de sociedade. Acho bem complexo relatar quem sou eu, os relatos que posso fazer é apenas sobre o que tenho. Minhas qualidades, meus defeitos. Coisas que qualquer pessoa tem. Para saber o que sou é necessário me conhecer melhor, é bem complexo. As qualidades e defeitos em geral são estereotipados daí não acho necessário o meu relato. O mais importante, a saber, é que sou anormal.

domingo, 15 de junho de 2008


Les Fleurs du mal de Baudelaire (mais um Martin Claret)

Excelente obra de Baudelaire, custou-me muito lê-la devido principalmente o curto tempo que tive e também por ser uma obra que exige do leitor reflexão continua sobre os temas abordados, garanto que me esforcei, mas nessa obra sou obrigado a admitir que cometi ao que chamo de sacrilégio literário, que trata de quando se deixa de ler uma parte de uma obra, pois busquei aos poemas que achei mais interessantes e aos que acreditei que mais me revelariam sobre o autor.

Posso dizer que é uma obra terrível que amei, o autor ao qual lançou as bases do realismo apresenta poemas até satânicos, pagãos, na verdade acredito mais que se trata de uma ideologia mais anti-cristã que nesse período começou a ser bastante divulgada ao mundo todo (tive até notícias que o Marilyn Manson fizera um evento com esse nome: Les Fleurs du mal, acredito que não foi por acaso, rsrs).

Para que eu consegui-se ler essa obra em alguns horários que considero vagos que é quando se esta esperando o ônibus e se está dentro dele, aos quais em geral tenho mais de três horas e meia perdidas por dia só para isso, tive que usar um tampão de ouvido que uso no Lab. Óptico.

O poeta e crítico francês Baudelaire influenciou a poesia internacional de tendência simbolista. De sua maneira de ser, originando-se na frança os poetas "malditos". Além de celeuma judicial, o livro despertou hostilidades na imprensa e foi julgado, na época, imoral, fora dos costumes, obrigaram até o autor a retirar partes da obra. Leitura obrigatória!!!!!!!

De sua obra derivaram os procedimentos anticonvencionais de Rimbaud e Lautréamont, a musicalidade de Verlaine, o intelectualismo de Mallarmé, a ironia coloquial de Corbière e Laforgue.

Mal compreendida por seus contemporâneos, apesar de elogiada por Victor Hugo, Teóphile Gautier, Gustave Flaubert e Théodore de Banville, a poesia de Baudelaire está marcada pela contradição. Revela, de um lado, o herdeiro do romantismo negro de Edgar Allan Poe e Gérard de Nerval, e de outro o poeta crítico que se opôs aos excessos sentimentais e retóricos do romantismo francês.

Depois dessa enrolada vamos a obra...Resolvi colocar vários poemas de Baudelaire.

A Beleza (Charles Baudelaire)

Eu sou bela, ó mortais! como um sonho de pedra,

E meu seio, onde todos vem buscar a dor,

É feito para ao poeta inspirar esse amor

Mudo e eterno que no ermo da matéria medra.

No azul, qual uma esfinge, eu reino indecifrada;

Conjugo o alvor do cisne a um coração de neve;

Odeio o movimento e a linha que o descreve,

E nunca choro nem jamais sorrio a nada.

Os poetas, diante do meu gesto de eloquência,

Aos das estatuas mais altivas semelhantes,

Terminarão seus dias sob o pó da ciência;

Pois que disponho, para tais dóceis amantes,

De um puro espelho que idealiza a realidade.

O olhar, meu largo olhar de eterna claridade!

Observe que o eu-lírico é feminino e já de início é comentado: "É feito para ao poeta inspirar esse amor / Mudo e eterno que no ermo da matéria medra." é provável que o autor tenha se baseado em alguém que gostava, mas que não tivera sucesso: "coração de neve", ao qual o eu - lírico então seria esse alguém e o poeta aquele que ama o eu - lírico. Veja que o eu - lírico se auto-elogia e a forma com a qual ele trata os ditos poetas.

É perceptível várias características românticas, como: a idealização do amor, a desilusão e até a frustração interiorizada, sendo perceptível até elementos pessoais. Mas observe a construção do poema, ela já é bem mais metódica.

As Litânias de Satã (Charles Baudelaire)

Ó tu, o Anjo mais belo e também o mais culto,

Deus que a sorte traiu e privou do seu culto,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Ó Príncipe do exílio a quem alguém fez mal,

E que, vencido, sempre te ergues mais brutal,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que vês tudo, ó rei das coisas subterrâneas,

Charlatão familiar das humanas insânias,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que, mesmo ao leproso, ao paria infame, ao réu

Ensinas pelo amor às delícias do Céu,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que da morte, tua velha e forte amante,

Engendraste a Esperança, - a louca fascinante!

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que dás ao proscrito esse alto e calmo olhar

Que faz ao pé da forca o povo desvairar,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que sabes onde é que em terras invejosas

O Deus ciumento esconde as pedras preciosas.

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu cuja larga mão oculta os precipícios,

Ao sonâmbulo a errar na orla dos edifícios,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que, magicamente, abrandas como mel

Os velhos ossos do ébrio moído num tropel,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu, que ao homem que é fraco e sofre deste o alvitre

De poder misturar ao enxofre o salitre,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que pões tua marca, ó cúmplice sutil,

Sobre a fronte do Creso implacável e vil,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que, abrindo a alma e o olhar das raparigas a ambos

Dás o culto da chaga e o amor pelos molambos,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Do exilado bordão, lanterna do inventor,

Confessor do enforcado e do conspirador,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria !

Pai adotivo que és dos que, furioso, o Mestre

O deus Padre, expulsou do paraíso terrestre

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria !

Oração

Glória e louvor a ti, Satã, nas amplidões

Do céu, em que reinaste, e nas escuridões

Do inferno, em que, vencido, sonhas com prudência!

Deixa que eu, junto a ti sob a Árvore da Ciência,

Repouse, na hora em que, sobre a fronte, hás de ver

Seus ramos como um Templo novo se estender!

Inicia com um tipo de ladainha dedicado a Satã, e finalizado com uma oração também da mesma forma, é interessante que o autor conta a história do Anjo de luz que se transforma em Mefisto. Então ele acaba também fazendo críticas, como na parte em que comenta sobra a Arvore da Ciência, ao qual acredita-se que aquele que comer dela poderia chegar a ser um tipo de deus.

Fico apenas a imaginar o quanto Baudelaire sofrera na época por essa obra, eu no século XXI tenho que agüentar alguns crentes chatos, fico imaginando Baudelaire. Mas é interessante comentar que a obra integralmente só foi publicada no ano de 1911, muito depois da morte do autor, mas que ainda hoje em muitos lugares causa grande repercussão.

O mais complicado para mim ao tentar entender a obra foi intertextualizá-la para a época naquele país, pois não podemos simplesmente ler friamente uma obra, afinal ela não é algo isolado da humanidade, ela faz parte da humanidade e o autor não deve ser desconsiderado nesse âmbito.

Na verdade acredito que para mim foi mais fácil decifrar as idéias do autor em cada poema, pois os muitos dos costumes de Baudelaire são meus também (a vida de Baudelaire sempre esteve associada a noite, a boemia e paixões alucinantes, aos quais o poeta procurou expressar os máximos dos prazeres da vida humana entre um e outro copo de vinho, tudo isso lembra-me a mim mesmo, determinados comentários, os prováveis hábitos de freqüentar cemitérios e coisas parecidas).

Baudelaire procurou expressar a inquietude, o mal o degredo e as paixões da alma humana. A aquele que ler "As Flores do Mal", garanto por mim mesmo que não tera arrependimentos, mesmo a aqueles que não cultuam hábitos como o meu, se acharam em algum poema.

Indico um site para quem tiver quiser ver algo mais, que terá muita coisa para aprender de novo lá, principalmente sobre a alma humana, tão explorada por Baudelaire, ele tem muitos, e muitos poemas, e garanto que nem todos são satanistas, srsr.

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